Magazine Lume arquitetura, Brazil
Revista Lume arquitetura, Brasil
“Ban” como inicio da “Banalização”
por: zéNuno Pinto Sampaio (BSc/MSc/PLDA), Portugal/ Suíça.
Sou totalmente contra todo e qualquer tipo de “Banir”, que não seja a violência e a hipocrisia. No que diz respeito ao Lighting Design de Arquitetura, sou especialmente contra a Ban-alização da experiência do espaço, seja este domestico, comercial ou de trabalho.
A defesa do “Ban” da lâmpada de incandescência (IL), é apoiar o desaparecimento da principal ferramenta do Design de Iluminação Arquitetural de qualidade, e fazer a apologia do fim dos valores qualitativos que devem reger esta profissão.
Conforto significa hoje, na minha opinião, consciência ambiental e o emprego de soluções energeticamente eficientes e não apenas eficazes, ambicionado o desejável bem estar sustentável. Incontestável que limitações energéticas deverão ser enfrentadas como novos desafios do Design que se propõe a apresentar soluções, e que deve partir do Designer essa consciência e boa pratica de alternativas.
Com o que não poderei concordar é que deverá ser a Iluminação das principais prioridades a alterar, na longa lista de atividades humanas com efeito negativo no eco-sistema, concretamente emissoras de CO2.
Enquanto jovem mas experiente Lighting Designer, de carreira feita no palco, arte contemporânea e arquitetura, prefiro pensar que será com módulos Fotovoltaicos Integrados na Arquitetura (BIPV) que a nossa responsabilidade moral será otimizada, repensando na raiz o que significa verdadeiramente o tratamento da Luz na arquitetura voltada para o futuro. Não apenas esteticamente há novas oportunidades nas energias renováveis. Da Luz enquanto fenômeno, à Iluminação enquanto atividade profissional, entre o natural e o artificial, é a relação que o Lighting Design poderá acrescentar de positivo ao panorama bem negro da dependência das energias fosseis.
Sem dúvida que a energia elétrica que acaba sendo consumida com a utilização das IL é enorme. Muitas das presentes aplicações poderiam sofrer uma substituição funcional por outras teoricamente mais eficazes, mas muitas outras aplicações serão impossíveis de realizadas com a mesma qualidade sob uma CFL ou sob uma dúzia de LED encarcerados num E27.
A utilização massiva de CFL levanta uma enorme questão para o futuro da humanidade no que diz respeito à contaminação de fontes de água potável:
O que fazer com todo o mercúrio (Hg) que nunca será reciclado?
Servindo como referencia para a realidade brasileira, de acordo com informações dos fabricantes de qualidade, apenas na Europa (EU27) há 2 toneladas métricas de Hg não adulterado, que atingem anualmente o ecossistema, não bastasse a contaminação já existente. Essa quantidade seria suficiente para contaminar o maior lago de água doce da Europa, em Genebra.
São milhões de lâmpadas CFL que são anualmente jogas fora junto com o lixo domestico. Não contraria este fato todo o caráter ambientalista dessa campanha?
Imagine só aquele jantar romântico que uma vez mudou sua vida a acontecer sob uma dessas CFL. Se for capaz de feliz imaginar esta situação talvez esteja faltando um pouco de toque humano nas suas rotinas diárias.
O Design de Iluminação de Arquitetura deverá idealmente gerar espaços emocionais, o que significa, ser capaz de uma atitude global na aproximação à existência humana, sem fundamentalismos como expressos nesta atitude de banir, camuflada por um retirar “faseado”.
Se não: Comecemos por banir o carro que conduzimos. Banimos o avião em que voamos. Banimos os sintéticos que vestimos. E a vida voltará a ser um pouco mais verde.
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